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Entraves logísticos e atrasos nos portos dificultam exportação café - Café Cotação


Às vésperas do início da safra, a preocupação em relação aos desafios logísticos para os embarques do café persiste no setor. Apesar de ter registrado um volume recorde de 50,5 milhões de sacas em 2024, de acordo com o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil, o país sofre com gargalos que geram atrasos significativos nos portos. Acarretando, dessa forma, em custos adicionais para os exportadores e prejuízos financeiros. Para entender como os entraves logísticos e os atrasos nos portos dificultam a exportação do grão, o Hub do Café entrevistou Eduardo Heron. Antes de mais nada, ele é diretor técnico do Cecafé.

De antemão, o especialista cobra investimentos para evitar um novo colapso logístico no embarque do café. “Se não houver celeridade nos projetos, os problemas persistirão”, destaca. Segundo informações da entidade, com base em levantamento da ElloX, cerca de 637 mil sacas do grão estavam paradas nos portos aguardando embarque em março. Isto é, o equivalente a 1,797 mil contêineres, por causa de gargalos logísticos nos portos. Desde já, despesas adicionais e imprevistas somaram R$ 8,901 milhões para as empresas.

Entraves logísticos

Entretanto, para Heron, os principais problemas são a falta de estrutura nos portos e a pouca disponibilidade de horários para embarque. Ou seja, o que leva os exportadores a pagarem mais por armazenamento e taxas extras.

De acordo com o diretor técnico, o Porto de Santos, principal corredor logístico do café brasileiro, precisa urgentemente de ampliação e modernização para atender à demanda crescente.

“Estamos na entressafra, com oferta menor. E, ainda assim, mais de 600 mil sacas de café estão paradas nos pátios. Com isso, onerando nossos exportadores, por não embarcarem devido à falta de condições modernas e contemporâneas nos portos”, ressalta.

Problemas estruturais

A situação se agrava, sobretudo, com a proximidade da nova safra, que deve aumentar ainda mais o volume de café a ser exportado. Para Heron, o 1º semestre deste ano pode passar a falsa impressão de normalização devido ao menor volume de embarques no período de entressafra. Porém, os problemas estruturais devem se intensificar no segundo semestre.

“O café está em período de entressafra, assim como outros segmentos do agronegócio se encontram na mesma situação. Causando uma impressão de normalidade. No entanto, com a entrada do café e de outras cargas no segundo semestre, não há dúvidas de que voltaremos a ter problemas e colapsos logísticos”, alerta.

Além da infraestrutura portuária, os problemas logísticos se estendem às rodovias e ferrovias. Que também carecem de investimentos para garantir um escoamento mais eficiente. “Estimular a diversificação de modais, como hidrovias e ferrovias, e ampliar os investimentos em infraestrutura poderão colaborar para mitigar os riscos logísticos no país. Além de evitar prejuízos ao comércio exterior”, comenta Heron.

A seguir, confira o que o diretor técnico do Cecafé detalha sobre os entraves logísticos e os atrasos nos portos brasileiros.

Desafios

Hub do Café: Os problemas logísticos para embarques de café impactaram as exportações, gerando despesas milionárias. Quais são os principais desafios enfrentados pelo setor diante desse gargalo logístico portuário? O que vem sendo feito para que esses impactos diminuam?

Eduardo Heron: De acordo com a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), houve um aumento de 20% nas exportações de cargas conteinerizadas no ano passado. Somente o café ampliou em 28% seus embarques em 2024. O que, somado ao aumento nas remessas de celulose, algodão, proteína animal e açúcar, revelou o esgotamento da infraestrutura portuária no país.

Além do aumento nas exportações do Brasil, verificaram um aumento no tempo de espera dos navios nos portos. O que elevou, de forma expressiva, os índices de atrasos das embarcações. Assim como rolagens de cargas e a consequente lotação dos pátios dos terminais portuários, que ficaram impedidos de receber novos contêineres de embarque.

Nesse sentido, o Cecafé vem trabalhando, em conjunto com outras entidades do agronegócio brasileiro, no âmbito do Instituto Pensar Agro (IPA), na expectativa de sensibilizar as autoridades públicas sobre a necessidade de dar celeridade aos processos já anunciados. Bem como de leilões de terminais, principalmente no TECON10, em Santos, a concessão do canal de acesso marítimo santista. Isso com vistas a garantir o aprofundamento e a manutenção do calado. Ademais, a ampliação de modais e a terceira via de descida da Rodovia Anchieta.

Essas iniciativas anunciadas são de grande importância para o comércio exterior brasileiro, pois vão reduzir os gargalos logísticos. No entanto, precisamos dar celeridade aos processos.

Novo colapso logístico

Hub: Caso não haja investimentos em infraestrutura, o setor cafeeiro corre risco de novo colapso logístico no segundo semestre de 2025, com o pico da nova safra?

Eduardo Heron: Primeiramente, o café está em período de entressafra, assim como outros segmentos do agronegócio se encontram na mesma situação. Dessa forma, com a menor oferta para exportação, reduziu-se a pressão e o estresse dos embarques nos meses iniciais de 2025, causando uma impressão de normalidade.

Entretanto, com a entrada do café e de outras cargas no segundo semestre, não há dúvidas de que voltaremos a ter problemas e colapsos logísticos.

Hub: Os problemas logísticos se estendem além dos portos. Qual é o impacto das infraestruturas de transporte, como estradas, ferrovias e portos, para a economia? Como resolver esses problemas?

Eduardo Heron: O Brasil possui 36 portos públicos em toda a sua costa. Logo, não precisamos de mais portos, mas, sim, de eficiência portuária. Em nossa avaliação, estimular a diversificação de modais, como hidrovias e ferrovias, e ampliar os investimentos em infraestrutura poderão colaborar para mitigar os riscos logísticos no país. E evitar prejuízos ao comércio exterior.

Todavia, ainda há muito o que fazer e temos sensibilizado e provocado as autoridades governamentais para a criação de indicadores logísticos. Desse modo, com o objetivo de obter um panorama da realidade para auxiliar o governo na criação de política públicas direcionadas e mais rápidas para atender à demanda crescente das cargas.

Impactos nas exportações

Hub: Esses entraves logísticos podem prejudicar a competitividade do café brasileiro no mercado internacional?

Eduardo Heron: Não há dúvidas de que os desafios logísticos e o esgotamento da infraestrutura portuária reduzem a competitividade e aumentam o custo Brasil. O setor exportador de café do país é eficiente e capaz de embarcar 5 milhões de sacas em único mês, por exemplo, se houver demanda e condições de infraestrutura adequadas. Porém, com o cenário verificado em 2024, o Cecafé acompanha com cautela e preocupação os impactos nas exportações do grão brasileiro e em nossa competitividade.

Temos observado, inclusive, uma grande receptividade e interesse das autoridades públicas em compreender os desafios logísticos no café. Divulgados mensalmente por meio do Boletim DTZ, elaborado pelo Cecafé em parceria com a ElloX, abrindo um canal de diálogo importante com as representações governamentais. E demais elos do comércio exterior. Em nossa avaliação, pois, o primeiro passo é dialogar para que se busque, de forma coletiva, mitigar riscos e prejuízos logísticos.



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