Além das lavouras, planta que dá origem ao grão pode ser cultivada em vasos dentro de casa O café tem ocupado lugar de destaque nos noticiários nacionais nas últimas semanas, especialmente devido aos altos preços alcançados no mercado. Item indispensável na rotina de boa parte dos brasileiros, o café, inclusive, é o alimento mais consumido no país, à frente até do arroz e do feijão, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
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A porcentagem de apreciação é alta e o caminho do grão já moído até a xícara, muito simples, mas o mesmo não acontece quando falamos do cultivo. A técnica é trabalhosa e exige dedicação e conhecimento, afirma André Dominghetti Ferreira, pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Café).
“A cafeicultura se concentra muito em áreas de montanha, onde precisamos trabalhar o solo, prepará-lo bem e, muitas vezes, o plantio ainda é feito na época das águas e com os maiores volumes de chuvas onde não chegam nem máquinas, e tudo precisa ser feito manualmente. Então, é um processo delicado”.
Como plantar café?
O primeiro passo é a produção da muda, que pode ser caseira ou adquirida em viveiros especializados ou com produtores certificados no Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). No caso do café arábica, 99% provêm de sementes, quando no canéfora, elas são clonais em sua maioria. Como fazer uma muda? Veja abaixo:
Escolha um recipiente (tubete, bandeja plástica ou saco de polietileno);
Adicione o substrato;
Coloque duas sementes de café;
Separe as plantas se as sementes germinarem juntas;
Aguarde de 150 a 180 dias até o transplante para o solo;
“Diferentemente de outras espécies, como milho e soja, as sementes de café não toleram o armazenamento por muito tempo. E para manter o vigor germinativo, o indicado é guardá-las em câmaras frias ou plantar no mesmo ano da colheita”, indica o especialista.
A semeadura deve ser feita entre abril e junho se as sementes utilizadas forem recentes. Caso estejam refrigeradas, o ideal é a partir de outubro.
Mudas de café
Canva/Creative Commons
Como cuidar do solo?
O recomendado antes do transplante da muda é realizar a análise completa do solo para conferir o nível de acidez e incorporar calcário por grade ou arado se for necessário. Em seguida, as linhas de plantio são marcadas para a abertura das covas quando a área for manual.
Qual o clima ideal para cultivar café?
A muda precisa de um ambiente fresco para emitir as raízes e, por meio delas, buscar nutrientes e crescer.
E é essa a característica que explica como o cultivo do grão é pequeno tanto no Nordeste como no Sul do Brasil. Enquanto a primeira região se destaca por temperaturas elevadas, a segunda é muito fria.
“O café arábica é cultivado acima dos 600 metros de altitude, sendo a faixa entre 900 e 1 mil metros a ideal. Já no canéfora, conseguimos trabalhar em altitudes menores, de 400 a 600 metros, mas nessas áreas ou é quente demais, como no Nordeste, ou gelado, como no Sul”.
Como cuidar do cafeeiro?
Entre o plantio e a primeira colheita, período que dura 30 meses, os principais cuidados são: fertilização e adubação do solo, controle de plantas daninhas, adubações foliares e controle de pragas e doenças.
O tempo de produção do cafeeiro é indeterminado. No setor empresarial, por exemplo, principalmente em razão da falta de mão de obra, o comum após a décima colheita é a renovação da lavoura ao invés do trabalho com poda. Mas, de modo geral, a média de produção gira em torno de 25 anos.
Cultivar café em vaso é possível?
Sim, a planta irá se transformar em ornamental e produzir frutos após dois anos e meio, mas a técnica possui limitações, afirma o especialista ouvido pela Globo Rural.
“O instinto dela é produção. Ela vai crescer e precisa de solo para buscar água e nutrientes. Eu tive um pé em um vaso e consegui cuidar até a primeira colheita. Depois, foi ficando feia e tive que renovar, o que não acontece quando o plantio é no solo”, relata.
Quais os principais tipos de café?
Mais de 100 espécies já foram identificadas por pesquisadores, mas apenas duas possuem importância comercial: arábica e canéfora.
A primeira é originária da Etiópia e domina a produção no Brasil, com mais de 140 cultivares no Registro Nacional de Cultivares (RNC), órgão ligado ao Mapa. Destas, apenas 28% são produzidas em larga escala, com destaque para Minas Gerais, São Paulo, Espírito Santo e Paraná.
A outra, por sua vez, representa o grupo formado pelas variedades robusta e conilon e é mais produzida no Vietnã. O cultivo principal no Brasil acontece no Espírito Santo e em Rondônia.



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