A mecanização limitada e a alta demanda por mão de obra impactam diretamente os custos de produção do café em áreas montanhosas. Nesse sentido, a Cooxupé, em parceria com o CVT – Centro de Validação Tecnológica, tem implementado um projeto experimental que visa validar os processos de terraceamento e mecanização em terrenos acidentados. O objetivo é, primeiramente, desenvolver um protocolo técnico que viabilize a sistematização de forma mais ampla, segura e eficiente nessas áreas.
O CVT é uma unidade experimental de pesquisa aplicada. E, inclusive, está localizada na Fazenda Experimental do IFSULDEMINAS, em Guaxupé/MG.
Antes de mais nada, a cooperativa preparou um vídeo para explicar aos cooperados como é a realização desse projeto.
Mecanização
De acordo com Guilherme Teixeira, coordenador do Departamento de Geoprocessamento da Cooxupé, mais de 90% das lavouras cafeeiras podem ser mecanizadas atualmente.
“Esse trabalho é validado pela cooperativa, pelo Instituto Federal e pelo CVT. Estamos chancelando essa tecnologia para levar um protocolo de como realizar esse processo para os nossos cooperados. Queremos proporcionar a eles uma sistematização de plantio de montanha, pois sabemos que um dos maiores problemas do nosso sistema produtivo é a mão de obra. A solução é trazer a mecanização”, explica.
Níveis de sistematização
De antemão, consideram três níveis de lavouras. É o que explica Wagner Figueiredo, gerente da Bulldozer Terraplanagem – Grupo 3F. O nível 1 é 100% mecanizado, inclusive a colheita. O 2 tem sistematizado apenas os tratos culturais e o 3, 100% manual.
“No CVT, o projeto está em uma área de nível 1. Para isso, fizemos uma padronização de solo, conservando o ‘horizonte A’ para não ter degradação, a fim de conseguir colocar a cultura do café mecanizada com o microterraço pós-plantio. Assim, fazemos o projeto de altura onde vai aumentar, lugares de grotas, talvegues e há os locais que vamos abaixar o terreno. Além de lugares que têm presença de pedra”, ressalta.
Segundo Wagner, realizam esse trabalho com responsabilidade para conservar o solo do ‘horizonte A’, que é fértil, onde está o banco de semente. Em cima desse estudo, fazem o projeto e entram com os equipamentos mais robustos para ter uma boa movimentação de solo.
“É uma atividade que deve ser feita no período do término da chuva, porque fazemos essa movimentação de solo. Então, é necessário um tempo, com a entrada da seca, para reconstituir o solo e voltar o banco de semente. Em seguida, quando entrar as águas de novo, vai verdejar e crescer com a presença do capim Brachiaria ruziziensis. Ou seja, o produtor pode lançar essa vegetação e, depois, o solo estará 100% cicatrizado e não tem problema de erosão”, avisa o gerente.
Trabalho no CVT
A cafeicultura de montanha é própria da região do Sul de Minas, em função do relevo, conforme explica Felipe Campos Figueiredo, coordenador do CVT. Ademais, são áreas de alta fertilidade.
“Porém, a parte da mecanização dessas lavouras ainda deixa um pouco a desejar. Ao mesmo tempo, temos muitos problemas com mão de obra, que está cada vez mais escassa e isso nos faz pensar em novos modelos para montanha”, continua.
No projeto do CVT, a sistematização dessas áreas ajuda a fazer o plantio orientado, sem muitos ‘cotovelos’ e mais suavizado. “Futuramente, vamos fazer os patamares para propiciar a mecanização e propiciar uma redução dos custos desse manejo na montanha. Isso sem utilizar tanta mão de obra, que está escassa. Acreditamos que possa ser um exemplo para o produtor vir ao CVT e ver como que é feito”, esclarece Felipe.
Além disso, o coordenador informa que todo o processo tem sido gravado, desde o início até o plantio e ao fazer os terraços. Isto é, para passar ao cafeicultor como foi realizado o trabalho para ele ter segurança quando for utilizar essa tecnologia.
Diretrizes
Para Mário Ferraz de Araújo, gerente do Departamento de Desenvolvimento Técnico da Cooxupé, esse projeto vai ajudar a traçar as diretrizes de como fazer a mecanização nas áreas de montanha. Dessa forma, para viabilizar a cafeicultura nos espaços com mais declínios.
“O grande objetivo da cooperativa é disponibilizar essa tecnologia, especialmente para os cooperados que têm terrenos que, antes, não era possível mecanizar”, afirma.
Em suma, se não der para sistematizar 100% das atividades, pelo menos uma parte delas. “Entretanto, estamos confiantes de que grande parte das nossas áreas do Sul de Minas e de São Paulo, na divisa entre esses dois estados, é passível de mecanização. Se não em um todo, pelo menos em grande parte dos tratos culturais”, destaca Mário.
A seguir, confira o vídeo do Cooxupé em Foco.