O clima adverso influenciou a safra de café de 2024, afinal, longos períodos de seca e temperaturas elevadas afetaram o potencial produtivo, impulsionando ainda mais os preços. Para a safra 2025, no entanto, a estimativa nacional aponta para uma produção total de 51,8 milhões de sacas de café beneficiado. Mesmo assim, uma redução de 4,4% em relação à safra anterior. Antes de mais nada, o levantamento é da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgado no dia 28 de janeiro.
Safra 2025
De acordo com Osvaldo Bachião Filho, vice-presidente da Cooxupé, a expectativa é de que a produção da safra deste ano continue baixa. Em entrevista concedida para Jovem Pan News, em 26 de janeiro, ele pontuou as condições climáticas, mercado e o contexto das lavouras como desafios e expectativas para o próximo ciclo.
“O que temos visto desde 2019 é que o clima tem sido muito desafiador não só no Brasil, mas em todo o mundo. Tivemos problemas de secas bastante longas e temperaturas altas, prejudicando a produção do café arábica. Em 2021, sofremos com uma geada que provocou consequências sérias em várias lavouras atingidas e que ainda não voltaram à produção em sua plenitude. O clima está muito ruim no mundo inteiro, países produtores tiveram problemas na produção como Vietnã, Indonésia e na América Central. Mesmo diante desse cenário, o consumo continua em alta. Precisamos que o tempo continue bom, com temperaturas amenas, e que chova bem para que a safra 2026 possa ser melhor e amenizar esses preços do café para o consumidor”, afirmou.
Recorde na Bolsa de Nova York
Em meio a um cenário de alta de preços do grão, o mercado de café voltou a bater recorde na Bolsa de Nova York. Desta vez, as cotações atingiram 355,55 centavos de dólar/libra-peso (segundo operações de 27/1). Embora os preços elevados, as projeções para esse ano indicam uma possível estabilidade no mercado.
Osvaldo explica que o futuro do mercado de café depende de diversas variáveis, como fatores climáticos, econômicos e de oferta e demanda. Portanto, se o clima permanecer favorável até meados de junho e julho, o preço do café deverá sofrer redução no valor.
“O produtor e o consumidor precisam entender que o mercado anda na frente. Se o clima continuar bom, o mercado entenderá que será no futuro melhor para produção e os preços serão menores. Inclusive, a gente já vê esse ‘mercado invertido’, por exemplo, se pegarmos o preço de setembro e compará-lo com o de hoje, ele está R$ 150 reais menor ao preço físico. Então, o mercado espera que no futuro o preço esteja menor”, conta.
Primeiramente, o mercado invertido do café é uma situação em que os preços futuros do grão são menores do que os preços à vista. De antemão, isso acontece quando o mercado espera uma oferta melhor no futuro, mas há um aperto no curto prazo.
Exportações e café robusta
Com o crescimento de 98% nos embarques de café robusta e conilon, o Brasil fechou 2024 com recorde anual de exportações, com 50,443 milhões de sacas enviadas a 116 países. Segundo relatório estatístico do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé). O volume foi 28,5% maior do que o de 2023 e de 12,8% em relação ao recorde anterior, estabelecido em 2020.
Durante a entrevista, Osvaldo apresentou um panorama dessa evolução de sacas exportadas pelo país. Desse modo, o vice-presidente da Cooxupé destacou o salto na exportação das sacas de grãos, que em 1999 atingiu o primeiro recorde com 20 milhões de sacas de 60kg, enquanto no ano passado o Brasil superou a marca de 50 milhões de sacas. Além do café arábica, o país passa a ganhar o mercado de robusta. “O café rendeu grandes divisas para as nossas exportações e o Brasil tem tudo para consolidar essa posição, pois o brasileiro toma muito café. Somos o segundo maior consumidor, o maior produtor de café e seremos em um período curto de tempo o maior exportador de robusta”, disse.