Os cafés solúveis do Brasil passarão a contar com Selos de Qualidade Abics, da Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (Abics). De antemão, o lançamento oficial ocorrerá no dia 11 de junho, às 18h. Isso no Salão Nobre da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), na capital paulista.
A criação dos Selos de Qualidade Abics integra as ações da entidade para fomentar o consumo de café solúvel. Nesse sentido, a iniciativa se deu com base no protocolo de análise sensorial desenvolvido pela entidade em parceria com o Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL). Cuja metodologia avalia a intensidade dos atributos de cada produto.
Selos de Qualidade Abics

Em primeiro lugar, os selos são divididos em três categorias. “Excelência”, que concedem aos cafés com atributos intensos de acidez, doçura, frutado e aroma mais floral e mel. “Premium”, ao produto com notas sensoriais marcantes e intensas, como chocolate, amêndoas e amadeirado e com potência média no paladar. Por fim, “Clássico”, que estampa os solúveis com notas de amadeirado, mais potência e baixa acidez.
“A ideia não é classificar os cafés por sua qualidade específica. Mas, sim, identificar seus atributos e apresentar para quais usos eles melhor se adaptam. Seja ao consumo puro, com leite, capuccinos, para produção de bebidas prontas, cápsulas de múltiplas medidas, barras de cereais, doces e sorvetes. E, ainda, na confeitaria ou como base para pratos da gastronomia, entre tantas outras possibilidades que existem”, explica Eliana Relvas, consultora da Abics para o mercado interno.
Certificações
Atualmente, certificaram 21 marcas de café solúvel no Brasil. Ou seja, através de avaliações realizadas por profissionais treinados e capacitados, pela Abics, como Instant Coffee Graders (IC Graders). Que se tornaram aptos a avaliar e emitir laudos de análise sensorial com base no protocolo desenvolvido pela entidade em cooperação técnica com o ITAL.
Por outro lado, o diretor de Relações Institucionais da Abics, Aguinaldo Lima, recorda que o objetivo da criação dos selos é encontrar o melhor perfil sensorial para cada aplicação. E, assim, potencializar os benefícios do consumo de café solúvel em muitos produtos.
“Essa é mais uma de nossas iniciativas voltadas ao crescimento do consumo. Isto é, servindo de mola propulsora para o desenvolvimento de produtos cada vez melhores e aumentar nossa participação no mercado. Lembrando que apenas 5% do volume consumido no Brasil se referem a cafés solúveis. Enquanto, no mundo, esse índice é de 28%. Portanto, as oportunidades são muitas”, comenta.
Mercado interno
Acima de tudo, o Brasil possui o maior parque industrial do mundo para produção de café solúvel, com as sete indústrias instaladas no país, todas filiadas à Abics, possuindo, juntas, capacidade de produção de 132 mil toneladas de café solúvel, extratos e concentrados ao ano.
Em 2024, o país, que também lidera o ranking global de embarques, exportou 94,438 mil toneladas, o que equivale a 4,093 milhões de sacas de 60 kg, a mais de 100 países, o que gerou uma receita cambial de aproximadamente US$ 1 bilhão.
Pensando nos clientes brasileiros, a Associação iniciou, em 2016, sua série histórica do volume de café solúvel destinado ao mercado interno e implantou diversas iniciativas visando aumentar o conhecimento da população sobre o produto e, consequentemente, o consumo no país.
Essas ações englobam a campanha “Descubra Café Solúvel” nas mídias sociais e junto a profissionais de cafeterias e barismo; a criação do inédito protocolo de análise sensorial do produto; a formação dos IC Graders; os Selos de Qualidade Abics; o projeto setorial “Crie e Curta Café Solúvel”; e, mais recentemente, o site “Descubra Café Solúvel”.

Evolução
Como resultado desse trabalho de informação, capacitação e promoção, o consumo de café solúvel no Brasil saltou 31,7% de 2016 ao final de 2024, apresentando uma taxa anual de crescimento de 3,4%, o que elevou o volume absorvido pelos brasileiros a 24,660 mil toneladas, equivalentes a 1,069 milhão de sacas, no final do ano passado.
Os dados mais recentes da Abics, que envolvem os quatro primeiros meses de 2025, apontam a continuidade dessa escalada. Nesse período, a população brasileira consumiu 7,622 mil toneladas, ou 330.279 sacas de café solúvel, o que implica evolução de 3,2% na comparação com o primeiro quadrimestre de 2024.

Alternativa econômica
O diretor de Relações Institucionais da entidade explica, também, que o produto vem se apresentando como uma alternativa mais econômica aos consumidores em meio à disparada dos preços da bebida em todo o mundo.
“Conduzimos um estudo que apontou que o café solúvel é de 33% a 40% mais barato do que os torrado ou torrado e moído, com seu valor por dose sendo entre R$ 0,18 e R$ 0,29 mais barato do que os R$ 0,30 a R$ 0,43 da bebida tradicional, lembrando que, para o preparo de 50 ml da nossa bebida, é necessário apenas um grama de café instantâneo”, revela.

Em síntese, Lima conclui que o solúvel possibilita que a população brasileira siga desfrutando seu café, diariamente, sem comprometer o sabor e seu bolso. “Além de evitar a migração para outros produtos industrializados que se passam por café e não cumprem a legislação do país”, finaliza.