As previsões climáticas para as próximas semanas indicam chuvas intensas no Rio Grande do Sul, com avanço para Paraguai, Bolívia, Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul. O cenário preocupa pelo risco de temporais e granizo. Mas, ao mesmo tempo, traz condições favoráveis para a cafeicultura no Sudeste, que deve registrar floradas antecipadas. A análise é do agrometeorologista Marco Antonio dos Santos, sócio-fundador da Rural Clima.
Previsões
De acordo com Santos, os próximos dias serão marcados por forte instabilidade climática. “Muita chuva neste dia 22 de agosto no Rio Grande do Sul, que se espalham mais no dia 23 de agosto e chegam ao Paraguai e Bolívia. Pega ainda algumas áreas de Santa Catarina. Já no dia 24, avança sobre o Paraná, Mato Grosso do Sul e Santa Catarina, com chuvas mais expressivas, além de vento e possibilidade de granizo”, explica.
Essas precipitações intensas exigem atenção especial dos produtores da região, sobretudo para o plantio do milho, que pode sofrer atrasos.
Avanço das instabilidades pelo Sudeste
De antemão, o especialista avisa que as chuvas não devem chegar às regiões centrais do país neste primeiro momento. “No máximo na faixa litorânea do Nordeste”, ressalta.
Entretanto, ele acrescenta que a frente fria passará pela costa da região Sudeste, trazendo faixas de instabilidade. “Pode chover na virada do mês, por volta do dia 27, no Sul de Minas. Isso pode iniciar florada do café, então muita atenção”, alerta.
Ainda conforme o agrometeorologista, no último dia de agosto, uma nova frente fria deve levar chuvas para áreas centrais, como Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e São Paulo.
Setembro traz mudanças no clima
Por outro lado, o início de setembro deve ser marcado por tempo seco, mas essa condição muda a partir da segunda semana.
“A boa notícia é que, se o início de setembro ainda será marcado por um tempo mais seco, por volta dos dias 11 a 17, as chuvas passam a se espalhar pelo Brasil central. E, ao longo da segunda quinzena de setembro, teremos precipitações ocorrendo em grande parte das áreas produtoras do Sudeste e Centro-Oeste”, afirma Santos.
Impacto para milho, soja e café
As condições climáticas terão efeitos distintos sobre cada cultura. “De um lado, isso é excelente para as culturas de inverno. Porém, muita atenção para o plantio do milho no Sul, porque tem muita chuva”, reforça o especialista.
Já a soja deve seguir seu cronograma normal. “O plantio da nova safra de verão de soja vai acontecer dentro de uma normalidade, do cronograma dos produtores”, aponta.
Para a cafeicultura, aliás, o cenário é promissor. “É um ano que a florada acontece mais cedo, porém podem acontecer algumas outras floradas por conta de não termos estresses hídricos tão acentuados. Isso deve trazer uma sequência maior de floradas, com uma agora em setembro, outra em novembro e mais uma em dezembro. De um modo geral, será um ano muito melhor para a cafeicultura”, avalia.
Reservatórios e efeito da La Niña
Apesar do otimismo, Santos alerta para os níveis de água. “O que tem me chamado atenção são os reservatórios, que estão baixos neste ano. Porém, como volta a chover bem em um mês, a possibilidade é de recuperação dos mananciais e grandes reservatórios, com a água subindo rapidamente”, explica.
Por fim, ele ressalta que a atuação da La Niña precisa ser monitorada. “Como é um ano de La Niña, há uma tendência de que os volumes totais de chuvas sejam um pouco menores, isso em nível Brasil”, finaliza.