A cafeicultura é uma das atividades agrícolas mais importantes do Brasil, com grande relevância econômica e social. Para manter lavouras produtivas e saudáveis, o manejo de plantas daninhas é essencial e, de acordo com matéria do Blog Rehagro, o picão-preto (Bidens pilosa e Bidens subalternans) merece atenção especial.
Trata-se de uma planta anual, de folhas largas e ciclo curto, pertencente à família Asteraceae, amplamente disseminada nas lavouras de café. Sua capacidade de adaptação, aliada à produção de milhares de sementes por planta, faz do picão-preto uma das espécies mais competitivas e persistentes no ambiente agrícola, podendo comprometer tanto a produtividade imediata quanto a longevidade do cafeeiro.
Como identificar o picão-preto
O picão-preto apresenta caule ereto e ramificado, com altura de 50 a 120 centímetros, e folhas opostas com bordas serrilhadas. Suas flores amarelas originam sementes com pequenas aristas que se prendem facilmente a roupas, animais e equipamentos, o que facilita a sua dispersão.
A rusticidade e a rápida germinação tornam essa planta daninha um problema recorrente em diferentes regiões e tipos de solo, especialmente nas áreas de café recém-implantadas.
Impactos do picão-preto na lavoura de café
A infestação de picão-preto causa sérios prejuízos ao desenvolvimento e à produtividade da cultura. A competição por luz, água e nutrientes é intensa, principalmente nas fases iniciais do cafeeiro.
Além disso, o sombreamento causado por seu rápido crescimento reduz a fotossíntese e o vigor das plantas. O consumo elevado de nutrientes, especialmente nitrogênio, fósforo e potássio, limita o desenvolvimento radicular do café.
Em altas densidades, o picão-preto também cria um ambiente úmido e sombreado que favorece doenças fúngicas, como cercosporiose (Cercospora coffeicola) e ferrugem-do-cafeeiro (Hemileia vastatrix), além de dificultar a aplicação de defensivos.
Resistência e estratégias de manejo
Já foram identificados biótipos de picão-preto resistentes a herbicidas inibidores da ALS (acetolactato sintase) e do fotossistema II. Por isso, depender exclusivamente do controle químico é arriscado e pode aumentar a pressão de seleção, dificultando o manejo no longo prazo. O controle mais eficiente deve combinar práticas mecânicas, químicas, culturais e preventivas:
- Roçadas regulares antes do florescimento e da formação de sementes;
- Uso criterioso de herbicidas seletivos, alternando mecanismos de ação;
- Plantas de cobertura, como braquiária, crotalária ou amendoim forrageiro, que reduzem a emergência do picão-preto e melhoram o solo;
- Monitoramento constante e limpeza dos implementos agrícolas.
Em alguns casos, o picão-preto pode até servir de abrigo para inimigos naturais de pragas, reforçando a importância de um manejo equilibrado e sustentável.
Segundo dados da Infoteca da Embrapa, embora os herbicidas químicos sintéticos vêm sendo amplamente utilizados nas últimas décadas, métodos alternativos de controle — como o uso de máquinas modernas, o manejo com animais, o controle biológico e a intercalação de plantas de cobertura — continuam essenciais. Essas práticas são complementares ao manejo químico e ajudam a evitar resistência de plantas daninhas, reduzir custos e preservar a qualidade do solo, tornando a lavoura mais equilibrada e sustentável.
Controle garante lavouras mais produtivas
Manter uma lavoura de café saudável e produtiva exige atenção constante, e o controle do picão-preto faz parte desse cuidado essencial. Com um manejo integrado que combina práticas mecânicas, químicas e culturais, o produtor não apenas reduz a infestação dessa planta daninha, mas também fortalece o solo, melhora o desenvolvimento do cafeeiro e assegura uma produção mais equilibrada e rentável. No fim, o resultado é um café mais vigoroso, sustentável e pronto para expressar todo o seu potencial na xícara.












