Trading emite Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA) para expandir negócios A Timbro, uma das maiores tradings brasileiras de commodities, deu seu primeiro passo no mercado de capitais com a emissão de um Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA) de R$ 100 milhões. Os recursos serão utilizados para aquisição de produtos agropecuários nacionais e expansão dos negócios no setor.
“Enxergamos bastante espaço para continuarmos crescendo no agro, e nossa chegada ao mercado de capitais será vital para isso”, disse o presidente da Timbro, Jorge Guinle, ao Valor.
As commodities como um todo representam 60% do faturamento da companhia, sendo que o açúcar e o algodão são responsáveis por mais da metade desse montante. No ano passado, o faturamento da trading — cujos dados ainda estão sendo fechados — ficou entre R$ 18 bilhões e R$ 20 bilhões. Para 2025, a expectativa é superar R$ 25 bilhões.
Bruno Russo, sócio-fundador e vice-presidente da Timbro, acredita que o avanço das receitas virá com o aumento nos embarques de açúcar, por exemplo, que tiveram incremento de 53,8% no ano passado, para 2 milhões de toneladas, e devem crescer mais 20% neste ano.
Outra aposta da trading está no algodão, em um momento em que as exportações nacionais ultrapassaram as dos Estados Unidos e o Brasil assumiu a liderança global. A companhia ainda passou a originar a commodity nos dois países para garantir oferta.
“Ano passado começamos a originar algodão nos EUA também, e é uma safra oposta a do Brasil. Originar nos dois países faz com que a Timbro tenha algodão o ano inteiro”, disse Russo. “Imaginamos crescer algo entre 20% e 30% em exportação de algodão em 2025”, estimou.
Caso a projeção se confirme, a empresa embarcará 120 mil toneladas de algodão neste ano.
Russo observa que a trading, assim como outras companhias do setor, trabalha com barter e todas essas atividades demandam um capital intensivo — daí a opção de buscar alternativas de fontes de recursos financeiros.
“Foram três anos conversando com bancos. Para nós, estar no mercado de capitais, acessar outro bolso, cria um processo de governança muito importante para a gente”, disse Danilo Moura, diretor financeiro da Timbro.
A operação foi coordenada pelo UBS BB, One Corporate e banco Daycoval. O papel possui prazo de vencimento de três anos.
O prazo escolhido para o CRA foi o menor possível dentro da estratégia da companhia. “Uma emissão de longo prazo afastaria os investidores”, disse Moura.
A operação foi totalmente estruturada e liquidada em somente 45 dias, período considerado rápido para esse tipo de transação, e teve a distribuição de todo o seu volume concluída em poucas horas, segundo Moura. Para o executivo, isso reforça a credibilidade da empresa.
“A nossa diversificação foi importante na atratividade dos investidores. O mercado nos enxerga como uma empresa que não tem concentração”, disse Russo.
Além de açúcar e algodão, a Timbro também atua com embarques de grãos, café, carnes bovina, suína e de frango, etanol, e fora do agronegócio tem operações com minério de ferro, manganês, metais, entre outros. (NF)
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