Produtores de café e gado de corte do Sul de Minas Gerais levaram os filhos para a maior feira de tecnologia da América Latina, em Ribeirão Preto (SP) A viagem de Conceição da Aparecida (MG) até Ribeirão Preto (SP) tem um motivo especial para a família dos dois irmãos Carlos Petronio Silva Cruz e Luciano da Silva Cruz: despertar o gosto dos filhos pelo universo agropecuário, fazendo com que eles gostem cada vez mais do campo.
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Mais do que fazer negócios, para eles a Agrishow é um evento que representa uma maneira de incentivar a sucessão das quatro crianças, que serão a segunda geração de produtores de café e gado de corte, no sul de Minas Gerais. O grupo familiar tem 500 hectares de terras, das quais 250 são dedicadas ao plantio de café arábica, e o restante serve para cria e recria.
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Frederico e os gêmeos Rafael e Gabriel são filhos de Luciano e a esposa Meira, enquanto a menina Júlia, de apenas seis anos, é filha de Carlos e Thaís. Empolgados com os quadriciclos expostos nos estandes da Agrishow, as crianças estavam uniformizadas com chapéu, bota e a camiseta da Fazenda Reunidas.
Frederico da Silva Cruz demonstra orgulho ao mostrar o crachá de participação na Agrishow
Globo Rural/Isadora Camargo
As crianças contaram à reportagem o quanto gostam da roça e que, em comemoração do Dia do Trabalho, foram à escola vestidos de fazendeiro e agricultor, como descreveu o pequeno Gabriel, também de seis anos. Júlia, por sua vez, desfilava com seu chapéu preto de amazona, com brilhos em tons de rosa e verde.
Questionados sobre o que sonham para o futuro, a resposta dos quatro é unânime: querem trabalhar na fazenda dos pais. E Gabriel já está de olho nos preços. “Eu gosto mais de café, porque dá dinheiro”, disse, e fez todos à sua volta caírem na gargalhada.
O pai, Luciano, mostrou-se orgulhoso ao ouvir o filho e disse que faz questão de envolver as crianças no agro, em especial porque sente que produtores e trabalhadores rurais ainda sofrem com a “falta de valor” na sociedade.
“Nós trazemos as crianças [na Agrishow] para ‘apanhar’ gosto. Às vezes não é nem negócio, a gente precisa mostrar o nosso ambiente para os filhos e aqui é nosso ambiente. É o nosso quintal”, afirmou.
De olho nas novidades
Assim como os integrantes da família Santa Cruz, o trabalhador rural Aguinaldo Freitas e o filho de 11 anos, Aguinaldo Junior, saíram de Penápolis (SP) para visitar a feira durante o feriado de 1 de maio e estavam encantados com os motores das picapes. E a do adolescente era criteriosa. “O reservatório de água é pequeno para o tamanho desse motor”, explicava ao pai.
Com a mesma motivação de estimular o filho com as novidades de automóveis para o agro, Aguinaldo aproveitou a ida do chefe, Edílson Gomes – que tem produção de cana-de-açúcar e presta serviço de aluguel de colheitadeiras -, para ver os lançamentos de picapes das montadoras na Agrishow.
Da esquerda à direita, os trabalhadores rurais Paulo César, Aguinaldo, o filho Aguinaldo Júnior e Edílson Gomes
Globo Rural/Isadora Camargo
Já Gomes está de olho nos preços. “Estou em busca de um trator que custa, em média, R$ 800 mil, porque tem GPS e piloto automático integrado. Isso melhoraria o trabalho na lavoura, mas ainda preciso analisar os valores”, comentou. O objetivo da compra é renovar sua frota.
Juros assustam
Mais reticente, o produtor de amendoim e cana-de-açúcar Mauro Minoru Yamauti, que é cooperado da Copercitrus, esteve na Agrishow na última quarta-feira (30/4) para se atualizar sobre as tendências do mercado de máquinas em 2025, atento aos preços e às tecnologias embarcadas nas ferramentas. Entretanto, ele disse que não vai comprar, pois as taxas de juros elevadas e as condições de financiamento do Brasil não dão segurança para produtores que não estão com “sobra no caixa”.
Na esquerda, o produtor Mauro Minoru acompanhado do amigo Nério Lamberti, que estiveram nesta semana na Agrishow
Globo Rural/Isadora Camargo
Descendente de uma família de agricultores japoneses que se estabeleceram na agricultura no município paulista de Pirangi, Yamauti se define como um empreendedor e está à procura de variedades novas e mais resistentes às alterações climáticas. Atualmente, ele cuida de pouco mais de 20 hectares, quatro deles dedicados ao amendoim, que plantou recentemente.
Mas o cultivo não se desenvolveu – segundo ele porque a variedade não “foi a adequada para a região”. Yamauti havia gastado aproximadamente R$ 400 mil para implementar o amendoim, e agora, sem sucesso, o produtor decidiu que vai segurar as compras neste ano para poder se recapitalizar. Por isso, neste ano, sua participação na Agrishow ficou limitada à curiosidade, acrescentou.
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