Em abril, indicação de demanda firme deu impulso aos valores da amêndoa; milho e soja avançaram em Chicago após ajustes técnicos Após um mês de março em que a guerra tarifária promovida pelo presidente americano Donald Trump derrubou os preços dos grãos na bolsa de Chicago, milho e soja se destacaram pelas altas em abril, reflexo de ajustes técnicos. Outro destaque de valorização no mês que passou foi o cacau, que subiu 5,68% na bolsa de Nova York, de acordo com o Valor Data, impulsionado pelos sinais de aperto ainda maior na relação entre oferta e demanda pela amêndoa. Os contratos de segunda posição encerraram o mês cotados a US$ 8.565 a tonelada, na média.
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Os dados de moagem de cacau no primeiro trimestre do ano, principalmente na Europa, explicam a alta na bolsa, segundo analistas. O processamento na região caiu 3,7% no período na comparação com o mesmo intervalo de 2024. Entre analistas de mercado, a expectativa era de um recuo maior, na casa dos 8%, já que o patamar elevado de preços é apontado como um impeditivo para o consumo.
“O mercado estava meio parado, e esses dados de moagens deram o ‘start’ para os fundos voltarem à ponta compradora, uma vez que eles estavam retraídos em meio às incertezas com o tarifaço [de Trump], que gerou uma turbulência macroeconômica muito pesada”, diz Adilson Reis, analista especializado no mercado do cacau.
Ele acrescenta que a demanda se mostrou resiliente muito em função da estratégia das indústrias de chocolates, que agora optam por aumentar o portfólio de produtos, mas reduzindo o teor de cacau contido neles.
Para milho e soja, os fundamentos de mercado pouco influenciaram em abril. Fatores técnicos foram determinantes para a alta do milho em Chicago, que subiu 3,61%, cotado a 4,8130 o bushel, média.
Na avaliação de Enilson Nogueira, analista da Céleres Consultoria, a guerra comercial, indiretamente, favoreceu o movimento do milho na bolsa. “O efeito da guerra tarifária sobre as cotações foi sentido especialmente em março, o que aumentou a especulação em torno dos contratos futuros. Somente essa especulação justifica o movimento de alta em abril, já que nós temos um bom andamento da safra nos EUA”, disse.
No caso da soja, a cotação em Chicago avançou 2,09% em abril, para uma média de US$ 10,4015 o bushel. A alta também refletiu ajustes técnicos dos investidores, segundo Nogueira, em um momento em que os olhos do mercado se voltam para o início do plantio nos EUA. “A perspectiva é positiva para a produtividade da soja nos EUA, logo, há uma tendência natural de queda para as cotações”, ponderou o analista.
O trigo, porém, se descolou dos outros grãos em Chicago e recuou 1,45% em abril, para a média de US$ 5,5106 o bushel. Segundo analistas, a baixa foi motivada pelas boas perspectivas para a safra de inverno nos Estados Unidos, cuja colheita terá início em um mês. Segundo dados do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), no Kansas, maior produtor nacional de trigo de inverno, 47% das lavouras estão em boas e excelentes condições. Um ano atrás, esse percentual era de 31%.
Na bolsa de Nova York, o café arábica recuou 3,40% em abril, para uma média de US$ 3,7329 a libra-peso, após fortes altas desde o início do ano. Aqui, o que derrubou os preços foi a realização de lucros por parte de investidores.
Haroldo Bonfá, diretor da Pharos Consultoria, disse que investidores embolsaram lucros após a alta de março.
O registro de chuvas em áreas produtoras do Brasil — maior exportador de arábica do mundo — também influenciou a queda no último mês.
“As chuvas ficaram acima da média dos últimos dez anos em algumas regiões. Mas o mercado já sabe que o país terá uma quebra de produção em 2025/26, só resta saber qual será o tamanho dessa perda”, afirmou Bonfá.
Com investidores de olho nas perspectivas favoráveis para a produção no Brasil, açúcar e suco de laranja fecharam em forte baixa no mês passado. O demerara cedeu 3,73%, para 18,05 centavos de dólar, enquanto o suco concentrado e congelado caiu 3,24%, a US$ 2,6125 a libra-peso na média. O Brasil lidera a exportação mundial das duas commodities.
O algodão, por sua vez, fechou abril praticamente estável, com elevação de 0,18%, e valor médio de 67,08 centavos de dólar a libra-peso.
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