Expectativa é de aumento de 56% na produção, mas volume está longe do recorde de 2023 Sob os efeitos de mais uma forte onda de calor, foi aberta oficialmente nesta sexta-feira (7/3), a colheita da oliva no Rio Grande do Sul. Ao contrário de culturas como soja, milho e pastagens, a árvore da oliveira se mostra resiliente diante dos efeitos da falta de chuva e das altas temperaturas persistentes no Estado.
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“O desafio, na atual temporada, foi o excesso de umidade em maio, época da enchente, e em setembro, quando a cultura estava em fase de floração”, explica o presidente do Instituto Brasileiro de Olivicultura (Ibraoliva), Renato Fernandes.
Como os trabalhos no campo ainda devem durar em torno de um mês, o Ibraoliva trabalha com números estimados para a safra de azeite deste ano. A projeção é de aumento de 56% na produção, para aproximadamente 300 mil litros. No ciclo anterior, as oliveiras sofreram com o excesso de chuvas em diferentes etapas do processo produtivo, o que fez com que a safra gaúcha ficasse em aproximadamente 192 mil litros. Já no ciclo 2023, a produção foi recorde, de mais de 580 mil litros.
O evento de Abertura Oficial da Colheita da Oliva está na 13ª edição e este ano foi realizado na sede da Azeite Puro, às margens da BR-290, em Cachoeira do Sul. Comandada por representantes da terceira geração da família Farina, a empresa cultiva 90 hectares de olivais e completa todo o ciclo da cadeia, passando pela extração, envase e venda do azeite no empório anexo à estrutura produtiva, que tem capacidade de armazenagem para 80 mil litros.
“Hoje nossas árvores produzem entre 12 e 15 quilos de frutos, mas a expectativa é alcançarmos, nos próximos anos, entre 15 e 20 quilos”, relata Rafael Farina, um dos sócios da Azeite Puro.
Para o presidente do Ibraoliva, fundamental para o aumento da produtividade dos olivais gaúchos é o investimento em pesquisa para a aplicação de novas tecnologias nos pomares.
O Rio Grande do Sul, que completa duas décadas de produção olivícola, responde por mais de 80% da fabricação de azeite nacional. São 6.200 hectares plantados e aproximadamente 400 produtores gaúchos envolvidos na atividade.
Setor questiona pacote do governo
Durante a cerimônia de abertura da colheita da oliva, a cadeia produtiva do azeite reforçou o coro de quem coloca em dúvidas a eficácias das medidas anunciadas pelo governo para tentar reduzir preços de alimentos. O presidente do Ibraoliva, Renato Fernandes, considera, no entanto, que é prematuro ter uma avaliação definitiva sobre o pacote.
O azeite de oliva faz parte da lista de produtos que o Brasil poderá importar com isenção de tarifas, junto com carne, café e açúcar. Para começar a valer, a medida depende de aprovação da Câmara de Comércio Exterior.
“No ano passado, o valor da importação de azeite foi algo próximo de R$ 4,5 bilhões. E, desse valor, em torno de 9% ou 10% corresponde a R$ 500 milhões em impostos. O nosso país tem condição de abrir mão de R$ 500 milhões em impostos que deveriam ser aplicados em outros setores, como a área social que tanto precisamos?”, questionou Fernandes.
O presidente do Ibraoliva disse compreender o esforço do governo para tentar baixar os preços dos alimentos. Pontuou, no entanto, que o atual cenário de inflação no país tem outras causas.
“É preciso entender que a inflação é resultado, não é causa. A política antiempresarial e antiprodutor é equivocada. O que provoca a inflação é a expansão monetária, fabricar dinheiro e gastar mais do que se ganha”, acrescentou.
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