Drinks alcoólicos e latte art ganham espaço e valorizam o barismo brasileiro O café, grão versátil e amado por milhares de brasileiros, vai muito além de uma simples bebida quente consumida, geralmente, nas primeiras horas da manhã. Com o tempo, ele ganhou espaço na culinária, virando ingrediente de sobremesas e, mais recentemente, protagonista em drinks sofisticados e saborosos.
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A ideia de combinar grãos especiais de alta qualidade com cachaça, gin, vinho, whisky, cerveja, licores e rum tem conquistado cada vez mais paladares e valorizando a coquetelaria. Afinal, o produto reúne o sabor intenso e aromático do café de notas frutadas, florais, doces ou exóticas com a complexidade das bebidas alcoólicas.
Qual o resultado? Uma experiência sensorial única não apenas na boca, mas que começa no preparo e, depois, na forma como os ingredientes escolhidos harmonizam no copo.
Para Vinícius Estrela, diretor-executivo da Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA), a versatilidade do café ampliou o espaço para outros usos aproveitando métodos já conhecidos.
“Tudo combina com café. No especial, que apresenta características sensoriais mais destacadas, isso ganha um outro universo. O café especial vem possibilitando a ampliação do consumo do café não puro, mas misturado a outras áreas da alimentação. Eu costumo dizer que o café especial não é mais só uma bebida. Ele passou a se permitir ser um alimento”.
No setor que cresce tanto na criação de bebidas quanto em novos profissionais e degustadores, o principal desafio é se manter atualizado e surpreender, avalia o dirigente da BSCA.
“É um trabalho muito criativo. Quem inventou a caipirinha, se não fez nada depois, é profissional de um drink só, não é? O segundo ponto é estar sempre em contato com novas bebidas. O Brasil tem uma riqueza de cachaças e de vinho”, diz.
Coquetéis têm combinado cafés especiais com cachaça, gin, vinho, whisky, cerveja, licores e rum
Canva/Creative Commons
Experiência e muita história
Uma das referências no assunto no Brasil é Daniel Munari, bicampeão do Brasileiro de Coffee in Good Spirits (CIGS). No primeiro título, em 2023, o barista de Curitiba agradou os jurados com um coquetel de rum, xarope de morango, café com notas de uva, hidromel e licor japonês. No ano seguinte, onde também levantou a taça, a inspiração teve entre os ingredientes: tequila, expresso, xarope de agave, xarope de goiaba caseiro e suco de pitaya.
O primeiro passo para a criação de qualquer drink é definir o processo. E ele pode iniciar a partir da escolha do café ou da bebida alcoólica.
“Depois de selecionar o grão, você identifica a complexidade e constroi o coquetel ao redor. Outro caminho é ter uma ideia com um ingrediente ou outro e depois buscar o café que mais se encaixa. Eu, por exemplo, vou primeiro para o café. Como venho do barismo, tenho acesso a cafés muito mais rápido que um bartender”, explica.
E o café tradicional?
Engana-se quem pensa que apenas os grãos especiais podem ser utilizados no preparo de coquetéis. A bebida tradicional e comum nas prateleiras dos supermercados também é opção, mas com certa cautela.
“Para fazer os drinks mais complexos, como esses de competição, o café especial é muito melhor, mas dá para fazer com o tradicional, sim. Porém, o que ele vai entregar precisa ser pensado, porque carrega muito amargor na bebida e, tecnicamente, não é bom. Mas, claro, depende do gosto e preferência de cada um”, alerta o barista.
Latte art consiste na criação de desenhos na superfície da bebida
Canva/Creative Commons
O latte art
Além dos coquetéis alcoólicos, outra técnica famosa relacionada ao preparo do café é o latte art. Ele consiste na criação de desenhos na superfície da bebida após o preparo de um café expresso finalizado com leite vaporizado.
E, se os drinks encantam pela combinação de cores e sabor dentro de um copo, as xícaras destacam a habilidade do profissional que tenta oferecer uma experiência visual marcante.
“É, basicamente, um capuccino que não tem a bebida como tema de avaliação, mas a capacidade em vaporizar o leite e fazer a combinação do leite com o café a ponto de produzir um desenho bonito e que dure. É por isso que são dois desenhos no torneio, para testar a consistência e o tempo de duração do desenho”, finaliza Vinícius Estrela.
A técnica do latte art surgiu há cerca de 20 anos a partir do processo de vaporização do leite, que pode ser vegetal ou animal. Inicialmente, as primeiras figuras eram simples – a maioria coração e tulipa. Aos poucos, os profissionais se aperfeiçoaram, aumentando o catálogo com imagens repletas de detalhes.
O campeonato de 2025
Neste fim de semana, Florianópolis sedia pela primeira vez o Brasileiro de Coffee in Good Spirits (CIGS) e o Brasileiro de Latte Art. O evento acontece no Shopping OKA Floripa, no bairro Campeche, com a participação dos melhores baristas do país.
Conforme a BSCA, os vencedores de cada categoria em Santa Catarina irão representar o Brasil no Mundial de Genebra, na Suíça, entre 26 e 28 de junho.
O anúncio dos campeões será no domingo (6/4), a partir das 15h (de Brasília), com seis profissionais na final do Coffee in Good Spirits e outros seis no Latte Art.
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