Nos últimos meses, os Estados Unidos elevaram significativamente as tarifas sobre importações, sobretudo de produtos chineses, que chegaram a 145%. Essa medida gerou retaliações da China e preocupações sobre uma possível recessão global.
Para o agronegócio brasileiro, a situação pode ser tanto positiva quanto negativa, dependendo do desfecho dessa guerra comercial. Entre os possíveis efeitos estão aumento da demanda por soja, algodão e carnes brasileiras, mas também riscos caso um acordo EUA-China seja alcançado ou uma recessão global se instale.
Entender cenários econômicos e seus riscos e oportunidades é fundamental para produtores rurais e empresas do setor agropecuário. O Itaú BBA destaca-se nesse aspecto pela qualidade de suas análises de mercado, contribuindo para o planejamento estratégico no setor. O banco é líder neste segmento entre as instituições privadas e cresce em ritmo acelerado – sua carteira no agronegócio aumentou de R$ 46 bilhões em 2021 para R$ 115 bilhões em 2024.
Segundo César Castro Alves, gerente da Consultoria Agro do Itaú BBA, as idas e vindas na aplicação de tarifas pelo governo dos Estados Unidos, especialmente em relação à China, estão gerando enormes incertezas no mercado. “O mundo entrou numa rota de um humor muito negativo”, afirma. “Mas tudo pode mudar a qualquer momento”.
Se o conflito entre as duas maiores economias do mundo persistir, observa Alves, a soja brasileira tende a se beneficiar. Ele lembra que, entre 2018 e 2020, tarifas aplicadas pelos EUA e retaliações da China redirecionaram a demanda chinesa de soja para o Brasil, favorecendo os produtores nacionais. Naquele período, o país ampliou sua participação nas importações para o gigante asiático de 40% para 70%.
“A China está fazendo um esforço para comprar mais agora”, observa Alves, destacando que a situação atual pode abrir oportunidade para os brasileiros exportarem mais soja no segundo semestre, principalmente se os prêmios continuarem em alta devido à incerteza comercial.
Entre as commodities agrícolas, algodão e milho também podem se beneficiar da persistência do conflito comercial. O consultor ressalta que o Brasil poderia conquistar uma fatia maior no mercado chinês de algodão, já que é um dos principais fornecedores ao lado dos Estados Unidos. Quanto ao milho nacional, cujos preços atuais não favorecem as exportações, o cenário poderia mudar com a chegada da safrinha. “Se a guerra comercial entre EUA e China permanecer e a nossa safrinha vier forte, como se espera, pode ocorrer alguma queda de preço e o milho também se tornar competitivo”, afirma.
As carnes brasileiras também podem se beneficiar da resposta chinesa e de outros países que aumentaram ou ameaçam elevar as tarifas de importação do produto norte-americano, como México, Canadá e Japão. “E algo semelhante pode acontecer com o café”, indica Alves.
Por outro lado, o cenário pode se inverter drasticamente caso EUA e China firmem um acordo, principalmente se a negociação envolver o aumento da compra de soja de produtores norte-americanos pelo país asiático, o que prejudicaria o Brasil.
Outro risco destacado pelo consultor é uma possível recessão global, resultante de uma guerra comercial prolongada. Isso reduziria o consumo de commodities agrícolas, afetando negativamente os preços de produtos como café, laranja e algodão.
Nesse contexto desafiador, o Itaú BBA vem intensificando sua atuação no agronegócio, com foco tanto em grandes companhias quanto produtores rurais com faturamento a partir de R$ 5 milhões. “Nos últimos anos, o banco fez um mergulho mais profundo no segmento, aumentando sua especialização”, destaca Alves.
A instituição oferece diversas soluções personalizadas para produtores rurais e empresas do agronegócio. Entre as principais ferramentas estão instrumentos financeiros para gestão de riscos, como derivativos e hedge cambial. Esses recursos proporcionam maior previsibilidade financeira em um setor frequentemente impactado por flutuações de mercado.
Segundo o especialista, apesar da excelência técnica dos produtores rurais brasileiros na produtividade, ainda há deficiências na gestão de riscos. “Essa última virada de mão de preços, de 2023 e 2024, expôs muito isso. Companhias que exageraram um pouco no apetite quando o valor da soja estava mais alto enfrentaram dificuldades”, conta.
EXEMPLO DAS COMPANHIAS ABERTAS
O gerente da consultoria agro do Itaú BBA lembra que grandes empresas do setor, especialmente as de capital aberto, já adotam políticas eficazes de gestão de risco, divulgando estratégias transparentes em seus balanços financeiros. E defende que o restante siga o mesmo caminho, para garantir a sustentabilidade do negócio mesmo em momentos de incerteza como os atuais.
Além das soluções tradicionais, o Itaú BBA tem inovado na oferta de financiamento por meio do mercado de dívidas, apoiando a aquisição de máquinas agrícolas e equipamentos essenciais para o desenvolvimento sustentável da agricultura brasileira.
O Itaú BBA conta com 750 profissionais voltados exclusivamente ao segmento – número que inclui o time responsável pela Consultoria Agro, que produz análises sobre commodities e cenários econômicos em diversos formatos, disponíveis gratuitamente a todos os interessados.
Entre os principais conteúdos oferecidos estão o podcast Prosa Agro Itaú BBA, com especialistas convidados, o Agro Semanal, que resume as principais notícias e relatórios detalhados como Radar Agro, Agro Mensal e Visão Agro.