A cultura de soja no Brasil sofre com a ferrugem asiática, uma das principais doenças do plantio, que demandou gastos de R$ 2 bilhões na safra 2022/23, de acordo com os dados mais recentes do Consórcio Anti-Ferrugem, liderado pela Embrapa. Pensando no desenvolvimento de produtos com menores riscos ambientais, a Vittia, empresa brasileira com forte atuação no desenvolvimento de insumos e bioinsumos para a defesa e a nutrição agrícola, desenvolveu o fungicida multissítio Triunfe, que obteve o registro junto ao Ministério da Agricultura.
Trata-se de um insumo compatível com biológicos indicado para o combate à ferrugem asiática, mancha-de-ramulária no algodão, pinta preta no tomate, cancro cítrico nos citros, e ferrugem do cafeeiro no café.
Segundo o diretor de marketing da Vittia, o engenheiro agrônomo Edgar Zanotto, o produto é formulado à base de cobre e enxofre. “Sua composição contém partículas muito finas desses minerais, garantindo uma melhor fixação nas folhas. Além de combater fungos e bactérias, também nutre as plantas, considerando que os solos brasileiros apresentam deficiência de cobre e enxofre, elementos essenciais para os cultivos.”
O enxofre, explica ele, atua nas atividades metabólicas dos fungos, enquanto o cobre age nas membranas dos micro-organismos, causando o esvaziamento do conteúdo celular. “Como esses minerais formam uma camada protetora sobre as folhas, os esporos dos fungos têm sua atividade metabólica bloqueada ao entrarem em contato com a superfície tratada, impedindo o avanço das doenças.”
O fungicida pode ser aplicado por pulverização aérea ou terrestre. Por ser altamente concentrado, exige menor volume na calda, conforme a recomendação para cada cultura, o que gera maior economia e melhor rendimento operacional, informa o diretor. Zanotto compara: enquanto se utiliza meio litro por hectare do Triunfe, pode-se chegar a até 3 quilos por hectare no caso de fungicidas químicos. “É um produto concentrado, por isso as doses são reduzidas”, complementa.
Produtividade com sustentabilidade no cultivo
Zanotto destaca ainda outras vantagens. Um diferencial importante é a facilidade de aplicação. “Por conter partículas ultrafinas, o produto não entope os bicos de pulverização — uma queixa comum entre os agricultores sobre produtos equivalentes”, relata. Essas micropartículas aderem melhor às folhas, garantindo ação prolongada no controle de doenças.
Outro atributo do Triunfe é a alta compatibilidade de calda, destaca o executivo, o que permite sua mistura com outros bioinsumos no tanque do pulverizador. “Nosso produto é compatível com defensivos biológicos produzidos pela própria Vittia, o que permite que sejam aplicados na mesma calda sem comprometer sua eficácia”, explica Zanotto.
Graças a essa versatilidade, o controle de fungos nas lavouras pode ser feito de maneira sustentável, sem recorrer a agroquímicos convencionais. Outro ponto positivo — desta vez econômico — é que o preço do Triunfe se mantém praticamente imune às oscilações do dólar, por se tratar de um insumo desenvolvido e fabricado no Brasil. “A maioria dos fungicidas usados nas lavouras é importada”, comenta. As flutuações da moeda norte-americana sempre causam preocupação entre produtores que dependem de insumos estrangeiros.
Outro importante fator positivo na adoção do multissítio mineral está na possibilidade de incremento médio de até 25% de produtividade em campos de soja. Segundo o agrônomo, isso se deve ao fato de que, além de eliminar o patógeno, a nutrição do solo também é beneficiada. “Apesar de ser aplicado como defensivo, o produto contribui para a nutrição da lavoura com cobre e enxofre. Essas características resultam em menor custo por hectare”, complementa.
Zanotto relata que o uso do Triunfe foi validado em aproximadamente 80 campos de testes no país, em parceria com 35 instituições. “A partir de trabalhos conduzidos por consultorias agronômicas independentes em diferentes regiões produtoras do país, a utilização do Triunfe nas safras 2024/2025 ante às testemunhas refletem a consistência da tecnologia em diferentes ambientes e manejos”, aponta.
A Vittia investe mais de R$ 20 milhões por ano em pesquisa e desenvolvimento de soluções sustentáveis e conta com um time multidisciplinar de 40 profissionais na Diretoria de P&D, incluindo doutores em áreas como agronomia, química e bioquímica. Além das culturas de soja, algodão, café, citros e tomate, a empresa estuda a aplicação do Triunfe em outras culturas. “Acredito que, em um ano ou um ano e meio, devemos ter novidades”, finaliza Zanotto.