Fórum Café e Clima debate manejo fisiológico do café - Café Cotação


O 7º Fórum Café e Clima, promovido pela Cooxupé, acontece no dia 14 de agosto, às 14h, na sede da cooperativa, em Guaxupé (MG). O evento terá transmissão ao vivo pelo Hub do Café e reunirá especialistas para debater os efeitos do clima na cafeicultura e as perspectivas para as próximas safras. Entre os destaques do encontro está a palestra do professor doutor José Donizeti Alves, da Universidade Federal de Lavras (UFLA). Acima de tudo, ele abordará os efeitos do clima sobre a safra 2025 e os desafios no manejo fisiológico do café para 2026.

Segundo o professor, sua análise considera as principais áreas de atuação da Cooxupé, como o Sul de Minas, o Cerrado Mineiro e a Média Mogiana, em São Paulo.

Efeitos do clima na cafeicultura

De acordo com Donizeti, a lavoura de café arábica segue vulnerável aos eventos climáticos extremos. “Diferente do conilon, que em 2025 deve superar o recorde de produção registrado em 2022, o arábica ainda não recuperou o patamar de colheita observado em 2020. As ondas de calor, as secas prolongadas e as geadas intensas têm limitado esse avanço. Precisamos reforçar a resiliência do cafeeiro arábica como estratégia fundamental para a estabilidade e sustentabilidade da produção”, afirma.

Conforme o especialista, o clima de 2024 impactou diretamente a safra seguinte. “As chuvas cessaram em abril e só retornaram em outubro. Esse intervalo seco, aliado a temperaturas acima da média, causou estresse térmico e hídrico nas plantas. Como consequência, observamos escaldadura foliar, desfolhamento e seca dos ponteiros justamente na fase pré-florada, comprometendo a formação dos botões florais”, relata.

O professor também destacou o efeito do calor em momentos-chave da produção. “Temperaturas elevadas durante o crescimento ativo reduziram o tamanho dos grãos. Já na fase de granação, o calor prejudicou o acúmulo de massa, afetando o peso final. Esses fatores explicam a retração da produtividade em 2025”, completa.

Perspectivas para a safra 2026

Por sua vez, José Donizeti Alves aponta um cenário mais favorável até o momento. “Neste ano, a estiagem foi mais curta que em 2024. As lavouras demonstram bom vigor e folhagem densa, indicando reservas bem estabelecidas, fator essencial para a pré-florada”, destaca.

No entanto, ele faz um alerta sobre o comportamento térmico de 2025. “A combinação de noites frias com tardes muito quentes impõe estresse fisiológico às plantas e pode antecipar a florada, após chuvas leves. Se as precipitações forem irregulares e as temperaturas extremas persistirem, há risco de falhas no vingamento floral, o que transferiria a expectativa para uma segunda florada”, avalia.

Apesar da incerteza, o especialista mantém boas projeções. “Ainda é cedo para definir o tamanho da safra 2026. Porém, se evitarmos veranicos durante o crescimento e a granação, temos boas perspectivas. Como diz o ditado, é melhor colocar as barbas de molho. Principalmente após os prejuízos térmicos observados 2024 e 2025.”

Manejo fisiológico do café

Professor José Donizeti Alves participará de palestra no 7º Fórum Café e Clima (Foto: Divulgação)

Contudo, ao abordar o manejo para 2026, o especialista enfatiza a importância da estrutura da planta. “Tenho reforçado que a manutenção de um dossel foliar saudável e o desenvolvimento de um sistema radicular profundo são essenciais. Essas estruturas atuam em sinergia e aumentam a tolerância ao estresse abiótico”, reforça.

Ele detalha o mecanismo dessa interação fisiológica. “Raízes vigorosas ampliam a absorção de água e nutrientes, o que ativa a transpiração. Além disso, isso reduz a temperatura foliar e aumenta a fotossíntese, elevando a produção de energia para crescimento e fortalecimento do próprio sistema radicular. É um ciclo virtuoso”, explica o professor.

Sobretudo, José Donizeti recomenda um conjunto de práticas integradas. “O produtor deve investir em irrigação eficiente, nutrição equilibrada, diagnóstico foliar e de solo, controle de pragas e doenças, uso de bios (biofertilizantes, bioestimulantes, aminoácidos), calagem, gessagem, subsolagem, matéria orgânica e cobertura vegetal para o solo.”

Mudanças climáticas e o novo calendário da cafeicultura

Por fim, o professor defende a adaptação do calendário agrícola. “O cafeicultor precisa abandonar o calendário físico tradicional. Os extremos climáticos têm acelerado o metabolismo do cafeeiro, antecipando fases fenológicas. Ignorar esse ritmo biológico compromete o sucesso das práticas de manejo”, aponta.

Segundo ele, a observação do ciclo fisiológico da planta torna-se uma ferramenta estratégica. “A adaptação ao calendário fenológico é essencial para garantir o timing das intervenções agronômicas diante das novas condições climáticas”, conclui



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