A retirada de tarifas de 40% pelos EUA abre um novo horizonte de oportunidades para o café do Brasil, veja mais informações
Uma excelente notícia movimentou o setor cafeeiro brasileiro nas últimas semanas, trazendo um clima de otimismo e alívio para produtores e exportadores. O governo dos Estados Unidos confirmou a remoção da sobretaxa de 40% que incidia sobre o café em grão importado do Brasil, uma medida que vinha sendo aguardada com grande expectativa. Essa decisão, comunicada logo após a anulação de uma outra tarifa de 10% aplicada anteriormente, representa uma vitória estratégica para o agronegócio nacional.
A medida chega em um momento crucial, pois os embarques da safra atual estavam mais lentos que o esperado, gerando receio de perda de competitividade para outros países produtores. Agora, com o caminho livre de barreiras, o café brasileiro recupera seu potencial de mercado no maior consumidor mundial do produto.
O que significa a retirada de tarifas de 40% pelos EUA?
Na prática, uma tarifa é um imposto de importação que um país cobra sobre um produto vindo de outro. Ao aplicar uma taxa de 40%, o governo americano encarecia o café brasileiro, tornando-o menos atraente para os compradores locais em comparação com o café de países isentos, como a Colômbia ou nações da América Central. Essa barreira comercial vinha desestimulando negócios e reduzindo o volume de contratos fechados, como apontado por especialistas. A notícia sobre a retirada de tarifas de 40% pelos EUA funciona como um sinal verde para o mercado, restaurando a competitividade do nosso produto.
Pesquisadores do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) da Esalq/USP, que acompanham de perto o mercado, destacaram que o setor recebeu a mudança com grande otimismo. A preocupação era que a demora na resolução dessa questão pudesse causar um dano duradouro, com compradores americanos buscando fornecedores alternativos e estabelecendo novas relações comerciais.
Felizmente, a decisão veio a tempo de reverter essa tendência, permitindo que as tradings e cooperativas brasileiras retomem as negociações com força total. O impacto prático da retirada de tarifas de 40% pelos EUA deve ser sentido nos próximos relatórios de exportação, com uma provável recuperação nos volumes embarcados.
O impacto na balança comercial e para o produtor
Os Estados Unidos são historicamente um dos principais destinos do café brasileiro. Segundo dados do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), o mercado norte-americano representa uma fatia significativa das nossas vendas externas, absorvendo milhões de sacas anualmente. A sobretaxa impactava diretamente essa relação, ameaçando não apenas o volume, mas também a receita gerada. Com a retirada de tarifas de 40% pelos EUA, a expectativa é de um aumento considerável no fluxo de divisas para o país, fortalecendo a balança comercial do agronegócio.
Para o produtor na ponta, a notícia também é animadora. Embora o preço pago pela saca seja influenciado por múltiplos fatores globais, um mercado comprador mais aberto e acessível tende a sustentar uma demanda mais firme. Isso se traduz em maior liquidez e melhores oportunidades de venda da produção. A medida favorece o planejamento da atividade, pois remove uma grande incerteza que pairava sobre o principal mercado de exportação. Agora, o foco volta a ser a qualidade do grão e a eficiência logística para atender aos pedidos que devem se intensificar.
O desafio do café solúvel continua na pauta
Apesar da comemoração pela isenção do grão in natura, uma parte importante da cadeia do café ainda enfrenta barreiras. O café solúvel brasileiro, produto de maior valor agregado e do qual o Brasil é líder mundial em produção e exportação, continua com uma sobretaxa de 50% para entrar nos Estados Unidos. Essa distinção é um ponto de atenção, pois o mercado americano também é um dos principais compradores do nosso solúvel. Manter essa tarifa significa que a indústria de transformação, que gera mais empregos e renda, segue em desvantagem competitiva.
“Enquanto o grão in natura foi isento, o café solúvel segue com a sobretaxa de 50%, mesmo tendo os Estados Unidos como um dos principais destinos da produção brasileira. Assim, as negociações entre representantes brasileiros e norte-americanos devem continuar no intuito de tentar incluir o café solúvel na lista de isenções.” – Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada)
Representantes do setor e do governo brasileiro, por meio do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), devem manter o diálogo com as autoridades americanas. A argumentação é que a isenção deve ser estendida a toda a cadeia produtiva do café, reconhecendo a importância do produto industrializado para a economia brasileira. A resolução desse impasse é o próximo capítulo esperado por todos os envolvidos nessa complexa negociação comercial.
Preços e estoques globais ainda ditam o ritmo do mercado
É importante entender que a retirada de tarifas de 40% pelos EUA, embora muito positiva, não é o único fator que define os preços do café. O mercado global é complexo e, no momento, o que mais tem influenciado as cotações, tanto na bolsa de Nova York quanto no mercado interno, é a conjuntura de oferta e demanda. A menor oferta global de café e os baixos estoques mundiais continuam dando forte suporte aos preços. Fatores climáticos no Brasil e em outros grandes produtores, como o Vietnã, têm limitado o potencial produtivo das últimas safras.
Isso significa que, mesmo com o acesso facilitado ao mercado americano, o produtor não deve esperar uma queda nos preços. Pelo contrário, a demanda aquecida dos EUA, agora sem barreiras, somada a uma oferta global restrita, pode manter as cotações em patamares elevados. Essa é uma combinação favorável para a rentabilidade do cafeicultor brasileiro, que consegue um preço melhor por sua saca e agora tem mais um grande mercado plenamente aberto para negociar. Acompanhar os relatórios de safra da Conab e os dados de estoques internacionais é fundamental para entender a direção dos preços nos próximos meses.
Como se preparar para o novo cenário
Com a porta do mercado americano reaberta, o produtor brasileiro pode tomar algumas atitudes para aproveitar ao máximo essa oportunidade. A competitividade não depende apenas de preço, mas também de qualidade e confiabilidade. Algumas ações práticas podem fazer a diferença:
- Focar na qualidade do grão, investindo em boas práticas de colheita e pós-colheita para atender aos padrões de excelência exigidos por compradores internacionais;
- Buscar certificações de sustentabilidade, como Rainforest Alliance ou Fair Trade, que são cada vez mais valorizadas pelos consumidores nos EUA e podem agregar valor ao produto;
- Manter um diálogo próximo com cooperativas e exportadoras para entender as novas demandas e oportunidades de contrato que surgirão com a retirada das tarifas.
A notícia da retirada de tarifas de 40% pelos EUA é, sem dúvida, um marco para a cafeicultura brasileira, corrigindo uma distorção que prejudicava o setor. Ela devolve ao nosso café a chance de competir de igual para igual no maior mercado consumidor do mundo. Embora a questão do café solúvel ainda precise ser resolvida e os preços continuem a ser guiados pela dinâmica global de oferta e demanda, o cenário é de otimismo. A medida fortalece a posição do Brasil como líder mundial e traz um novo ânimo para toda a cadeia produtiva, do pé de café na fazenda até a xícara do consumidor final. Clique aqui e acompanhe o agro.
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