Importadores dos EUA travam compras de café do Brasil e prorrogam pedidos - Café Cotação




Com a entrada em vigor da nova tarifa de 50% dos Estados Unidos contra produtos brasileiros, os importadores americanos travaram as negociações de café com o Brasil e estão prorrogando pedidos já realizados, o que pode ser extremamente prejudicial ao setor, avalia o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).
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Os EUA lideraram as compras de café do Brasil no acumulado dos sete primeiros meses de 2025, com a importação de 3,713 milhões de sacas, que correspondeu a 16,8% dos embarques totais do período. Márcio Ferreira, presidente do Cecafé, lembrou que as vendas transcorreram normalmente até julho, pois a vigência da nova medida começou em 6 de agosto.
“A partir de agora, as indústrias americanas estão em compasso de espera, pois possuem estoque por 30 a 60 dias, o que gera algum fôlego para aguardarem um pouco mais as negociações em andamento. Porém, o que já visualizamos são eventuais pedidos de prorrogação, que são extremamente prejudiciais ao setor”, afirmou o dirigente em nota, nesta terça-feira (12/8).
Ferreira explicou que, quando o exportador realiza o negócio, ele fecha também o Adiantamento sobre Contrato de Câmbio (ACC), um financiamento pré-embarque que permite que as empresas obtenham recursos antecipados com base em um contrato de câmbio.
“Com a prorrogação dos negócios (com os EUA), o ACC não é cumprido e passamos a sofrer com mais juros, com taxas altas, e custos adicionais, com overhead (despesas operacionais), por exemplo”, ressaltou.
Outro fator de impacto é a movimentação dos preços do café no mercado futuro. Quanto mais distantes são os vencimentos dos contratos, menores são os valores.
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“O vencimento dezembro de 2026 na Bolsa de Nova York, por exemplo, está com deságio de 9% a 10% frente ao dez/25. Já esse dez/25 possui depreciação de cerca de US$ 10 por saca ante o set/25. Ou seja, a prorrogação de um embarque de agosto, tendo como referência o set/25, para os próximos meses, que terão como base o dez/25, geraria uma perda adicional de US$ 10 por saca, além do impacto dos juros do ACC e dos custos adicionais com carrego, armazenagem e logística”, disse Ferreira.
“Portanto, prorrogar embarques, além de atrasar divisas e compromissos, tem esse impacto negativo acumulado e acentuado”, completou.
Negociações
O café foi um dos produtos que ficou de fora da lista de exceções que o governo americano determinou e, por isso, sofreu a taxação de 50%. Então, o Cecafé trabalha na tentativa de que os cafés do Brasil entrem na lista de isenção do tarifaço, contando com negociações junto ao governo brasileiro, aos pares do setor privado norte-americano e a outros membros do setor nos EUA.
O argumento é de que o produto não é cultivado em escala nos EUA, desempenha um papel importante na economia americana, e pelo fato de os dois países possuírem uma relação de interdependência. De um lado, o Brasil é o maior produtor e exportador mundial, líder no fornecimento de café ao país, e do outro, os EUA ocupam o posto de maior importador e consumidor global, além de principal destino do produto brasileiro.
Mediante os prejuízos que inevitavelmente virão com as tarifas americanas, o Cecafé também vem mantendo diálogos com os governos federal e dos Estados produtores a respeito da necessidade de implantações de medidas “temporariamente compensatórias” ao setor.
Acordos bilaterais
Em parceria com a Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (Abics), o conselho de exportadores solicitou ao governo brasileiro que intensifique ações junto a outras nações compradoras do produto, visando acordos bilaterais com reciprocidade comercial, na intenção de que países importadores possam dar, aos cafés solúveis do Brasil, a mesma isenção oferecida a outras origens concorrentes.
Sobre o credenciamento, por parte da China, de 183 novas empresas exportadoras de café do Brasil, o presidente do Cecafé esclareceu que muitos desses exportadores já atuavam no mercado chinês e que isso não necessariamente implica aumento dos embarques cafeeiros ao país asiático.
“Esse credenciamento por cinco anos, como divulgado nas mídias, é positivo do ponto de vista de desburocratização, mas, por si só, não representa nenhum aumento de exportações à China, o que esperamos (que) siga ocorrendo de forma natural, a ser alcançado ao longo dos próximos anos e décadas, dado o aumento de interesse por parte do consumidor, como experimentamos em outros países da Ásia”, afirmou Ferreira.
Até o momento, a China é vista como um mercado em crescimento potencial. O país importou 571.866 sacas brasileiras de janeiro a julho e ocupa a 11ª posição no ranking dos principais parceiros dos cafés do Brasil em 2025.



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