A prévia da inflação oficial, o IPCA-15, divulgada nesta terça-feira (28/5), mostra continuidade das pressões no grupo de alimentação e bebidas, apesar da desaceleração de maio. O indicador da alimentação ficou em 0,39%, na comparação com 1,14% em abril. Contribuíram para o resultado as quedas do tomate (7,28%), do arroz (4,31%) e das frutas (1,64%). Por outro lado, destacam-se as altas da batata-inglesa (21,75%), da cebola (6,14%) e do café moído (4,82%).
Entre as altas, as aves e ovos subiram 0,05%, apesar do recente surto de gripe aviária no Rio Grande do Sul. Isso porque o índice captura os preços coletados até meados do mês.
Segundo o Centro de Estudos em Economia Aplicada (Cepea), os preços dos ovos pagos aos produtores registraram recuo superior a 10% na parcial de maio, atingindo os menores valores desde janeiro. Nesta segunda-feira (26/5), a caixa de 30 dúzias de ovos ficou em R$ 163,08 na Grande São Paulo, com queda semanal de 6%. Em Bastos (SP), a baixa foi de 6,82%, para R$ 158,03.
Para o consumidor, houve uma desvalorização mensal dos ovos de 2,33%, mas um acúmulo de 28% desde janeiro.
Já o frango, embora impactado por um recente surto de gripe aviária no Rio Grande do Sul, ainda não apresentou uma queda significativa de preços ao consumidor. A doença levou ao abate sanitário de 17 mil aves e à suspensão temporária das exportações por mais de 30 países.
Com isso, parte da produção pode ser redirecionada ao mercado interno, o que tende a aliviar os preços nos próximos meses. Mas ainda não aconteceu. O IPCA-15 mostra aumento de 0,91% no frango em pedaços e de 0,45% no inteiro em maio. No ano, as altas são respectivamente de 7,02% e 6,95%.
De acordo com o analista de Safras & Mercado, Fernando Henrique Iglesias, o varejo está mais lento na reposição da carne de frango, enquanto aguarda por questões inerentes ao foco de Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (IAAP). “A segunda quinzena do mês é um período em que tipicamente há menor apelo ao consumo, o que torna a reposição mais lenta entre atacado e varejo. As redes varejistas também são menos atuantes do que o habitual, aguardando por alguma consequência do foco de IAAP”, disse.
“A celeridade que o Brasil apresenta na resolução do problema leva a crer em uma rápida retomada. A expectativa para 2025 ainda é de embarques recordes, com ótimo potencial após o problema ser solucionado”, disse o analista, em nota.
O Cepea indica R$ 8,65 para o frango congelado no Estado de São Paulo, 0,8% menos que na semana anterior. E R$ 8,63 para o resfriado, com baixa de 1,8%.
Em relação a outros alimentos, o café que permanece como um dos principais vetores inflacionários. O café moído acumula alta de 83,2% nos 12 meses encerrados em maio, a maior desde o início do Plano Real, e 45,11% no ano, segundo dados do IBGE. A valorização decorre de uma combinação de choques climáticos, aumento dos custos logísticos e de produção, além da demanda externa aquecida, especialmente com a maior presença da China no mercado global da bebida.
Ao produtor, o Cepea mostra uma ligeira desvalorização dos preços do grão, com o preço médio a R$ 2.423,72 para a saca do arábica, queda de 2% na semana e 7,35% no mês. O robusta recua 2,5% na semana e 13,01% no mês para R$ 1.481,08 a saca.
Em maio, o impacto do grupo de alimentação e bebidas no IPCA-15 caiu de 0,25 ponto percentual em abril (na taxa de 0,43% do índice) para 0,09 ponto percentual em maio (na taxa de 0,36%).